quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Entrevista: Cabbet Araújo

O produtor Cabbet Araújo tem um importante papel de articulação cultural no Morro dos Cabritos/Tabajaras, em Copacabana. Em parceria com moradores da comunidade, criou o Círculo Cultural Abraço da Paz, evento que prevê a realização de atividades de arte e cultura na Ladeira dos Tabajaras e seu entorno. Além disso, está recuperando um prédio abandonado da comunidade, o Lajão, para torná-lo um espaço cultural permanente na favela. Vale a pena conferir as suas impressões sobre o projeto Intercâmbios Juventudearte.


Como vê um projeto de mapeamento de iniciativas culturais em uma comunidade como o Cabritos/Tabajaras?

É muito importante, principalmente por dar oportunidade de os jovens da própria comunidade participarem. O resultado final vai refletir o que eles mesmos vêm apresentando no decorrer do processo de criação do mapa. É um incentivo maravilhoso.

De que forma um mapeamento como esse poderá promover transformações na vida dos jovens envolvidos?

Esse projeto mexe muito com a auto-estima da comunidade. Eles estão falando com o avô de fulano, o diretor da escola, o dono do bar... É um trabalho feito por esses jovens que vai circular em várias esferas.  A comunidade está passando por um momento de possibilidades. Os jovens precisam se antenar de que esse momento tem que ser abraçado por eles. Esse projeto incentiva que os jovens tenham vontade de participar de projetos futuros.

E como vê a proposta de interação entre jovens de diferentes comunidades?

Eu tenho conversado com os jovens do Cabritos/Tabajaras envolvidos no projeto e eles estão gostando muito. Falaram das novas amizades que estão fazendo e de possíveis intercâmbios de experiências culturais nesses territórios.


Você é um importante articulador de iniciativas culturais no Cabritos/Tabajaras. Como surgiu a possibilidade de viabilizar um espaço como o Lajão?

Nós apresentamos e tivemos 10 projetos aprovados em edital do Pronasci - Microprojetos Mais Cultura. Em vez de pagarmos aluguel para viabilizar esses projetos, tiramos 500 reais de cada um para investir na reforma de um espaço dentro da comunidade, que é o Lajão.

São as pessoas da comunidade que estão se unindo para tornar esse espaço possível. Estamos conseguindo também a adesão de empresários, que visitaram e gostaram do lugar.

Nesse último encontro do projeto, os jovens da comunidade fizeram questão que fosse realizado no Lajão. Eles querem afirmar o espaço, trazer os parceiros. O Lajão é o nosso ponto, o nosso lugar de atividades.


Além de seu envolvimento com a iniciativa de tocar esse grande projeto que é o Lajão, que outras iniciativas toca na comunidade?

Tem o Abraço da Paz, que é uma iniciativa mais agressiva, pontual, de incursão cultural na comunidade. Começou em 2009, depois do massacre que houve no Tabajaras. Desde então, não consegui mais parar de fazer.
Existem muitas ações culturais no Cabritos/Tabajaras?

Acho que ainda existem poucas ações culturais. A UPP [Unidade de Polícia Pacificadora] não pode ser só uma polícia na favela. A UPP já está há dois anos no Tabajaras e a melhoria dos acessos à favela ainda não foi feita. Quando esses acessos forem facilitados, acho que ocorrerão muito mais iniciativas culturais. É preciso que os acessos sejam mais convidativos. A vida toda a favela foi vista como lugar de bandido. Favela não é lugar de bandido, isso não é verdade. Bandido tem em todo o lugar. Foi o estado que nos proporcionou essa visão.

Fotos: Divulgação.

Olhares sobre o Morro dos Cabritos/Tabajaras

Jovens integrantes do projeto Intercâmbios Juventudearte foram convidados, no último sábado, 22 de outubro, a fazer uma caminhada pelo Morro dos Cabritos/Tabajaras, em Copacabana, e tirar fotos que refletissem o cotidiano do lugar.



“Eu acho que esse exercício de fotografia tem tudo a ver com o projeto, porque o mapa que estamos pensando é em si uma foto do lugar onde a gente mora. E a gente vai poder usar as fotos que estamos tirando no mapa também”, diz Erick Lucas de Carvalho, do Cabritos/Tabajaras.


Tatiane Ferreira da Silva, do Salgueiro, na Tijuca, também aprova a atividade. “Depois dessa experiência você pensa antes de fotografar. A gente tirava foto por tirar. Com essas aulas, a gente pensa mais na luz, nos ângulos”, avalia.



Esse é o segundo encontro em que os participantes saem com máquinas fotográficas nas mãos a procura dos melhores melhores cliques. A primeira caminhada ocorreu na Providência, no Centro, em 15 de outubro.

“Todo mundo se sentiu em casa, andou na comunidade. Cada um foi por um lugar”, alegra-se a moradora da Providência Joice da Silva Almeida.


Não foi a primeira vez que Jonathan Rosário Pinto, do Cabritos/Tabajaras, visitou a Providência. Há cerca de 3 meses, participou de um festival de pipa na comunidade. “Mas dessa vez vi mais coisas. A paisagem é muito interessante. Na Providência têm mais becos, mais passagens do que no Cabritos/Tabajaras”, compara.

A paisagem de Providência chamou a atenção de muitos jovens. “A visão de dentro para fora é linda. Mas dentro está abandonado, falta atenção, saneamento. A visão de dentro do Salgueiro é melhor, é mais bonito, mas não tem aquela vista”, conclui Tatiane.



A última caminhada será realizada no próximo sábado, 29 de outubro, no Salgueiro.

Saiba mais sobre as caminhadas.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Diário de Bordo – 4º dia

Alexsandro Rocha Azevedo (Lequinho), do Morro dos Cabritos/Tabajaras



Estamos aí de novo, dessa vez na Providência, no morro bonito. Estou encantado. Mais uma vez vamos transformar a juventude com a arte, vamos continuar a elaboração dos mapas que estão cada vez mais lindos.

Vamos discutir sobre as pessoas entrevistadas e finalizar essa situação. Ah! Uma pausa para o almoço e a sobremesa. Que gostoso! E voltamos de novo.

E agora vamos sentar e ver um vídeo de fotografias, apender a fotografar. Então vamos sair e andar o morro para tirar fotos. Nossa! Quantas coisas lindas, vou tirar foto de tudo, mas a professora só pediu 8, tirei mais de 30. Também, fazer o que? A Providência é linda!

Voltamos para a aula para ver as fotos e ficaram boas.

Esse dia foi especial. Que emoção, foi um prazer estar na Providência.

Depois de cada um dos encontros do projeto Intercâmbios JuventudeArte, uns dos jovens participantes fica com a tarefa de escrever em um diário as suas impressões sobre as atividades das quais participou, a vivência com o grupo, entre outras possibilidades. Confira!

Veja Mais:




Mapa cultural estimula debate sobre circulação em favelas





O mapa cultural das comunidades Cabritos/Tabajaras, Providência e Salgueiro ganha novas camadas a cada encontro do projeto Intercâmbios Juventudearte. E as atividades propostas aos jovens rumo à construção desse guia geram reflexões sobre questões como a circulação de novos atores nesses espaços.´




“As pessoas de fora da comunidade estão subindo o morro. Antes isso não acontecia”, diz Alexsandro Rocha Azevedo, o Lequinho, do Morro dos Cabritos/Tabajaras. Erick Lucas de Carvalho, também do Cabritos/Tabajaras, reforça: “Tem gente que mora perto e nunca subiu. Com o mapa as pessoas poderão se localizar.”.

Tatiane Ferreira da Silva, do Salgueiro, vê a possiblidade de mudança na forma como as comunidades são vistas a partir de iniciativas como a de criação de um mapa cultural: “Mesmo que as coisas ruins que falam das favelas chamem mais a atenção das pessoas, se elas forem nas comunidades vão ver coisas boas.”

Entre as formas apontadas pelos jovens de fazer esse mapa ser visto e conhecido está o grafite. “Eu acho que esse mapa deveria ser grafitado na quadra da comunidade”, opina Tatiane.









“Ele poderia ser grafitado no chão, para que a pessoa vá caminhando e se localizando”, imagina Ludimila Raquel de Oliveira Pinhão, do Cabritos/Tabajaras.




Fotos: Ratão Diniz e Edmilson de Lima

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fotos 1ª Caminhada - Morro da Providência

Fotos realizadas pelos alunos durante a primeira caminhada do Projeto Intercâmbios JuventudeArte, no Morro da Providência (Centro). Com orientação e noções de fotografia dadas pelo Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), jovens do Morro dos Cabritos/Tabajaras (Copacabana), Providência e Salgueiro (Tijuca) foram a campo com as máquinas fotográficas nas mãos.













Quer saber mais?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Diário de Bordo – 3º dia

Eder Ribeiro, da Providência


                                                       Foto: Edmilson de Lima

No sábado, 08/10/11, começamos meio atrasado (rs)!Por motivos que não comentarei, mas vamos lá, começamos com um trabalho de elaboração mental, pois vimos que tudo que nossa mente quer, nós podemos fazer, mas sempre trabalhando em equipe, pois como falo e cada dia vejo, não somos, não temos passo sozinhos.

Depois veio o ponto que acho que todos gostamos e ficamos surpresos: criar o nosso mapa... Nossa, como a favela que nasci é tão grande!

E cada um foi se encontrando, onde moramos, onde os amigos moram hihihi! Olha aquele lugar ali, e foi assim que fizemos nosso mapa.

Veio a elaboração das entrevistas, nossa! Nem eu sabia que tinham tantas pessoas que acho importantes na minha favela.

Pois "Abre a janela cara, abre a janela da favela que você vai ver a beleza que tem dentro dela".


Depois de cada um dos encontros do projeto Intercâmbios JuventudeArte, uns dos jovens participantes fica com a tarefa de escrever em um diário as suas impressões sobre as atividades das quais participou, a vivência com o grupo, entre outras possibilidades.


Veja mais:
Diário de Bordo - 1º dia
Diário de Bordo - 2º dia

Diário de Bordo – 2º dia

Tatiane Ferreira da Silva, Salgueiro


                                         Foto: Edmilson de Lima


Hoje o nosso encontro começou com uma atividade de equilíbrio do nosso corpo. Depois fomos guiados e guiamos uns aos outros para termos confiança. Depois das regras de convivência, veio a correção dos nossos “Prazeres de casa”. Agora veio a pergunta: “o que você acha que é cultura?” Muitas diversidades. Agora vamos alocar uma palavra a outra. Uma palavra puxa a outra, talvez até com significados diferentes. Depois de encher a pança, um vídeo com muita cultura diferente. Mas a cultura, todas elas juntas, formam uma cultura só. Quer mais cultura? Temos a nossa. Nosso parceiro Mario é angolano carioca que veio da Angola para espantar o bode com a gente. Três comunidades, mil coisas em comum, temos muitas diversidades e muitas qualidades. Cultura todas têm. Depois de ir ao Lajão, uma linda paisagem. Um tchau para todos. 


Depois de cada um dos encontros do projeto Intercâmbios JuventudeArte, uns dos jovens participantes fica com a tarefa de escrever em um diário as suas impressões sobre as atividades das quais participou, a vivência com o grupo, entre outras possibilidades.


Veja mais:
Diário de Bordo - 1º dia
Diário de Bordo - 3º dia

Diário de Bordo – 1º dia

Mario Orlando Domingos Manuel, Cabritos/Tabajaras


                                                                         Foto: Davi Marcos
                                    
Diferente e engraçado, tudo começou com alongamento e depois uma breve apresentação com som das mãos batendo nas coxas. Hum... legal, legal... :-)

Em seguida, zip, zap, zop. Ótima brincadeira que me fez conhecer Adão, entre outros presentes. Ahhhhh! Nada melhor do que trocar de lugar, aprender coisas novas e conhecer pessoas novas, certo?

Mas para isso, precisamos de um passaporte. Ir adiante nessa viagem, se equilibrar nas leituras de O Equilibrista.

Legal também quando lembramos da infância. Nada melhor do que usar barbante para isso, incrível, não é mesmo? ???

Incrível nada.

Incrível mesmo é espantar o bode e criar mapa de onde você veio para não se perder nessa viagem.



Depois de cada um dos encontros do projeto Intercâmbios JuventudeArte, uns dos jovens participantes fica com a tarefa de escrever em um diário as suas impressões sobre as atividades das quais participou, a vivência com o grupo, entre outras possibilidades.


Veja mais:
Diário de Bordo - 2º dia
Diário de Bordo - 3º dia

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Entrevista: Luiz Carlos Lima e Cecília Figueiredo

Parceiro do Projeto Intercâmbios JuventudeArte, o Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip) começou a desenvolver atividades com os jovens da Providência (Centro), Morro dos Cabritos/Tabajaras (Copacabana) e Salgueiro (Tijuca) no sábado, 15 de outubro. Luiz Carlos Lima e Cecília Figueiredo são responsáveis por oferecer oficinas de fotografia e incentivar que os integrantes do projeto exercitem o olhar com a câmera nas mãos.


Qual a avaliação dessa etapa do projeto?

Cecília Figueiredo: Essa primeira saída fotográfica teve tema livre. O pessoal de dentro da Providência guiou os outros. E a galera de fora tem um olhar mais curioso. Esse incentivo à circulação proposto pelo projeto foi muito bacana.

Vocês vão acompanhar o grupo em mais dois encontros, nas caminhadas no Morro dos Cabritos/Tabajaras e no Salgueiro (leia mais)Quais serão os próximos passos do trabalho que estão propondo?

Cecília: No próximo encontro vamos propor que façam imagens do cotidiano. O tema não será mais livre. E o foco da última caminhada serão as pessoas. O que os retratos contam da história da comunidade?

Luiz: A ideia é cada vez mais aprofundar para que as imagens dialoguem com a proposta do projeto.





Qual a importância de uma oficina de fotografia em um projeto como esse?

Cecília: A ideia não é só um produto final, mas a fotografia como processo de aproximação de jovens das comunidades. É uma ferramenta a mais no sentido de aproximação das comunidades, das pessoas envolvidas no projeto, do que estão mapeando.

Luiz: É muito importante a etapa em que discutimos as imagens depois da saída e vemos o resultado do que foi registrado no dia. A ideia é que se aproximem mais do que estão construindo no mapa em termos de olhares.

O resultado desse processo e as fotografias poderão ser conferidos em uma exposição durante a 4ª Mostra Brasil, em maio de 2012, no Rio de Janeiro. O Cecip já foi parceiro do Programa Juventude Transformando com Arte, na 3ª Mostra Brasil. Como foi a experiência?

Cecília: Em 2010, jovens que fizeram parte de um projeto do Cecip deram uma oficina de vídeo durante a Mostra Brasil. Foi muito bacana. Eles já tinham sido formados por nós e já davam aulas de vídeo em suas escolas. Eles gostaram muito de conhecer jovens de outros estados. Foi um evento grande e eles ficaram muito orgulhosos de fazer parte do projeto.




Fotos: Ratão Diniz e Edmilson de Lima

Olhares sobre a Providência


A primeira caminhada do Projeto Intercâmbios JuventudeArte, no Morro da Providência (Centro), foi realizada no último sábado, 15 de outubro. Com orientação e noções de fotografia dadas pelo Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), jovens do Morro dos Cabritos/Tabajaras(Copacabana), Providência e Salgueiro (Tijuca) foram a campo com as máquinas fotográficas nas mãos.

Divididos em grupos e tendo como guias os jovens da Providência, que iam apresentando os lugares que consideravam mais relevantes, os integrantes do projeto registraram seu olhar sobre a comunidade que estavam conhecendo. De volta à Casa Amarela, centro cultural que sediou o encontro, todos puderam ver e comentar o resultado do trabalho.


Anderson S. de Oliveira, morador da Providência, aprovou a atividade: “Me senti fotógrafo, com vontade de mostrar tudo.”


“O que mais me chamou a atenção foi a vista, é muito bonito. O Salgueiro é totalmente diferente”, diz Lisane Cristina dos Santos Fernandes.



“Mas nem todo mundo focou só a paisagem. Tiraram foto de dentro, também”, acrescenta Tatiane Ferreira da Silva, também do Salgueiro.

Esse foi o 4º encontro do Projeto Intercâmbios JuventudeArte, que tem como proposta a realização de mais duas caminhadas nos próximos sábados: no Morro dos Cabritos/Tabjaras e, por fim, no Salgueiro.


As caminhadas têm por objetivo promover a circulação de jovens de diferentes comunidades em espaços que até então não conheciam, favorecendo que se apropriem desses espaços de forma lúdica e criativa; e possibilitar que todos os integrantes do grupo conheçam pontos culturais que cada comunidade está apontando como importantes para fazer parte de um mapa cultural dessas localidades.



Fotos: Ratão Diniz e Edmilson de Lima

Saiba mais:
http://juventudearte.blogspot.com/2011/09/intercambios-juventudearte-jovens-vao.html

sábado, 15 de outubro de 2011

Primeiros traços do mapa cultural de comunidades do Rio


Estimular o debate entre jovens das comunidades Cabritos/Tabajaras (Copacabana), Providência (Centro) e Salgueiro (Tijuca) sobre a melhor forma de representar essas localidades em um mapa cultural foi um dos focos do 3º encontro do Projeto Intercâmbios JuventudeArte. A iniciativa foi realizada no Oi Futuro, em Ipanema, em 8 de outubro.


Um dos parceiros do projeto, a Oi Kabum! Escolas de Arte e Tecnologia é responsável pela criação gráfica do mapa de forma participativa. Luciana Oliveira e Noale Toja falam sobre os desafios de desenhar um mapa como esse.

Qual o envolvimento do grupo com o projeto?

Noale Toja: As atividades estão sensibilizando para a importância de expor a comunidade de dentro para fora. Acredito que quando forem a campo, vão olhar a dona da barraca de outra maneira, vão perceber que ali há um valor. As pessoas que desenvolvem ações culturais vão estar presentes no mapa, que será um lugar de fala delas. Haverá a exposição positiva da comunidade do ponto de vista de moradores dessas localidades.

Para estimular que os jovens trouxessem elementos para o desenvolvimento da programação gráfica do mapa, a Oi Kabum! propôs uma dinâmica em que perguntas como: se sua comunidade fosse uma cor, qual seria? Se fosse um carro, qual seria? foram lançadas para o grupo. Que metodologia é essa?


Luciana Oliveira: Há 12 anos trabalho com essa "Entrevista de relação formal", incluí na etapa de trabalho que chamamos de Levantamento de Dados ou Briefing. As pessoas têm sensações, para que possamos corresponder a essas sensações estabelecemos relações de forma. Assim podemos de fato representar. O design busca representar o outro, corresponder a quem está nos buscando para desenvolver o trabalho. Temos mais preocupação em ouvir do que dizer o que será feito. É preciso ter escuta para os elementos que surgem, gerar perguntas, formas e imagens para obter respostas.

A Oi Kabum já começou a desenhar o mapa a partir do que os jovens têm trazido nos encontros?

Luciana Oliveira: Já estamos gerando hipóteses. A partir das atividades desse terceiro encontro, temos mais elementos para desenvolvê-las. À medida que formos avançando, vamos mostrando, para que possam interferir nesse processo.

O design do mapa será realizado por três jovens formados pela Oi Kabum. Além da formação, a escola investe na inserção desses jovens no mercado de trabalho? O que motivou o interesse desses três jovens por participar de um projeto como esse?

Noale Toja: Os três jovens da Oi Kabum! que farão o projeto gráfico do mapa são formados pela instituição. Agora participam do Núcleo de Produção, que é uma espécie de incubadora que está aberta a todos os alunos formados que queiram realizar projetos, executar trabalhos. Os alunos passam por 18 meses de formação e depois têm acesso ao Núcleo de Produção por mais 18 meses. Os jovens que estão participando do projeto foram convidados a participar pela sensibilidade para a questão social, por serem talentosos, pela facilidade em lidar com pessoas...


Fotos: Vinicius Ladeira e Klebeandeson Duarti

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tecendo olhares a partir de mapas oficiais de comunidades do Rio


Papel vegetal sobre mapas oficiais das comunidades Cabritos/Tabajaras (Copacabana), Providência (Centro) e Salgueiro (Tijuca), lápis de cor nas mãos e disponibilidade para dialogar e entrar em consenso sobre os contornos a serem traçados e os pontos culturais a serem marcados. Quais os limites de cada um desses mapas? Quais as principais vias de acesso? Como localizar os pontos de ações culturais? De que forma o mapa cultural dessas três localidades -- que será criado de forma participativa por diferentes parceiros e jovens moradores -- se aproxima ou se afasta das representações oficiais? A partir da realização dessa atividade, proposta no 3º encontro do Projeto Intercâmbios JuventudeArte, no último sábado, 8 de outubro, na Oi Kabum, em Ipanema, surgiu uma série de questionamentos e posicionamentos por parte dos jovens presentes.
Confira algumas de suas falas:

Tatiane Ferreira da Silva, Salgueiro

“Qual interesse de mapear? O Rio de Janeiro tem várias coisas, o Corcovado... A gente vai mapear a nossa área, o que a gente acha que é a nossa comunidade.”

“Os turistas vão para a Rocinha porque é mais conhecida. Porque o Michael Jackson foi. O Salgueiro não existe. Se um dia alguém famoso for lá, vai existir.”



Leimar Correia, Salgueiro

“É importante mapear para enriquecer a nossa cultura. Esse é o valor do mapa. As pessoas veem outra realidade das comunidades.”

Mikaela Sena, Cabritos/Tabarajas

“Tem pessoas que nem sabem que fazem parte da história do local. Tem aquele que tem uma barraquinha há anos. Ele faz parte da história.”

Aila Santos da Silva, Salgueiro

“A forma do nosso mapa estava toda errada. Eles colocaram entrada na rua que não tem. E a que tem entrada, ficou sem. Uns dizem que a Coreia faz parte do Salgueiro, outros dizem que não. Optamos por não colocar no mapa.”

Eder Ribeiro, Providência

“O mapa da Providência parece muito grande, mas lá dentro é pequeno. Não incluímos o Morro do Pinto no mapa. Eles dizem que não são da Providência. Já que não se consideram... As casas deles são um pouco melhores. Na Providência ainda tem casa de palafita, de madeira.”

Fotos: Vinicius Ladeira e Klebeandeson Duarti

Rumo ao levantamento de informações para mapa cultural de comunidades do Rio


Diferentes parceiros estão unindo esforços e metodologias para que jovens de três comunidades do Rio de Janeiro – Cabritos/Tabajaras (Copacabana), Providência (Centro) e Salgueiro (Tijuca) – entrem em contato com informações necessárias para construir, de forma participativa, um mapa cultural dessas localidades.


O Centro Internacional de Estudos e Pesquisas Sobre a Infância (Ciespi), com grande experiência em trabalhos de mapeamento em comunidades, tem um importante papel no projeto: descobrir junto com os jovens a melhor forma de levantar as iniciativas culturais que serão divulgadas no mapa. Que pessoas, locais, saberes, fazeres, projetos, manifestações, artes serão mapeados? Como conduzir entrevistas com moradores das comunidades para coletar informações sobre cada uma delas?

Em entrevista, os pesquisadores do Ciespi Marcelo Princeswal e Nathércia Lacerda falam desse processo e da importância do projeto.

Chegamos ao terceiro de nove encontros do projeto Intercâmbios JuventudeArte que terá como resultado final a criação de um mapa cultural de três comunidades do Rio de Janeiro. Vocês já conseguem visualizar como será esse produto final?

Marcelo Princeswal: Estamos abertos para o que pode surgir no decorrer dos encontros, para o processo. O mapa é o produto final. Os jovens vão produzir algo que ainda não sabemos muito bem. Será que vão subverter a ideia de mapa? O que é mais representativo para eles? Vamos trabalhar junto com eles no sentido de fazer com que o mapa expresse isso.


Nathércia Lacerda: O mapa será uma construção conjunta, fruto de uma troca. Devemos produzir um mapa de cada lugar, como tudo isso vai se concretizar ainda não sabemos. Vamos pensar a cidade nos debruçando com esses jovens sobre as três comunidades. Estamos falando do Rio de Janeiro, reconhecendo o Rio de Janeiro.

Qual a importância de um projeto como esse?

Marcelo Princeswal: O projeto possibilita que esses jovens se coloquem no lugar de construtores de suas histórias. Eles estão construindo um pedaço da história. Esse processo é tão rico que deveria ser estendido a outras pessoas. Deveria ocorrer independente da criação de um mapa. Uma criança ou jovem que mora na Zona Sul, por exemplo, de classe média, também poderia fazer esse exercício de reconhecimento de onde vive.

Nathércia Lacerda: Há o perigo da história única. A história é dinâmica. Cada um conta de uma forma.


No 3o encontro, vocês iniciaram o trabalho de reconhecimento territorial a partir dos mapas oficiais das comunidades, como foi isso?

Nathércia Lacerda: Eles se divertiram quando apresentamos o mapa oficial das comunidades deles. ‘Olha a minha casa! Isso não existe mais, é antigo.’ Havia também uma estranheza. ‘Achava que esse lugar era perto daquele.’ Nessa atividade, os jovens fizeram uso das informações que vêm levantando desde que o projeto iniciou e começaram a dar forma a elas para a criação de um produto, o mapa. Começaram a organizar, marcar o contorno do mapa e apontar nele pontos culturais.


Marcelo Princeswal: Esse primeiro contato com um mapa gráfico inicia uma apropriação do espaço onde se vive. Foi muito interessante a visão de que o mapa oficial estava desatualizado, ver as mudanças que ocorreram nas localidades: ‘Essa área não é mais aqui’. ‘Esse campo agora é de grama sintética’. Eles ainda vão caminhar, identificar os lugares que existem, conversar com as pessoas. É um redesenho de suas comunidades.

Nathércia Lacerda: A ida a campo vai ressignificando. Cada passo ressignifica. Primeiro entraram em contato com o mapa plano, depois vão caminhar nas comunidades. O desenho que fizeram hoje vai se transformar a partir das caminhadas. Acredito que as caminhadas vão integrar e possibilitar que entendam melhor o lugar onde vivem.

Fotos: Vinicius Ladeira e Klebeandeson Duarti

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Funk também é cultura...

Bem popular em todo o Brasil e estigmatizado como um ritmo que leva a juventude para a promiscuidade e uso de drogas, alguns militantes do "Funk Carioca", puderam comemorar neste ultimo mês mais uma vitória. O estado do Rio de Janeiro reconheceu a musica Funk e lhe concedeu um edital, ação inédita no Brasil. O edital deve abrir caminhos para a profissionalização e diversificação do Funk, já que tem como principio aprovar projetos destinados a produção de clipes, CD'S e projetos de registros e memória do Funk. serão selecionados 25 projetos que receberão 2o mil reais para desenvolver sua ação.
O avanço dado pelo Rio de Janeiro, tende a refletir no país, na contra mão da marginalização das culturas urbanas, fortalecendo a produção de tais manifestações e artistas.
Fica aqui nosso sincero parabens a essa iniciativa...

E viva o Funk!!!

Mais Informações:
http://conexsom.com.br/secretariadeestadodeculturalancaeditaldefunknorio