terça-feira, 30 de novembro de 2010

Bruno Pastore responde; "é Grafitti ou Artes Plasticas?"

Entrevista com Bruno Pastore, por Israel Neto
Fotos: Camila Peixoto

Conheci Buno Pastore (Educador Social, Grafiteiro, Poeta e Pai) alguns anos e sempre discutimos questões muito relevantes, então vou compartilhar algumas com vocês...

Israel - Como e quando começou no grafitti?
Bruno - Comecei desde que nasci, pois desde moleque sou chamado a atenção por rabiscar paredes. Isso é lembrado até hoje nos almoços de família, minha avó diz: "é, está vendo, aquela arte toda no que deu" - eu só dou risada e penso. Mas meu primeiro contato com o graffiti que conhecemos foi através da pixação em 1998, depois a partir de 2000, comecei a frequentar oficinas e ter contato com o graffiti.


É Graffiti ou artes plásticas?
Graffiti é uma expressão que se difere das manifestações plásticas – das artes plásticas, coisa que não deveria, pois a essência de uma obra de arte, ou qualquer manifestação humana converge no mesmo lugar, a questão é que esta essência/origem, está por um triz tanto no graffiti como nas artes plástica, e isso me intriga mais do que esta simples diferença de nomenclatura e rótulo.
Respondendo a pergunta, apesar do graffiti estar na galeria e isso legitimá-lo como artes plásticas, não gostaria de ver o graffiti como tal, não encaro ele desta forma, pois tudo que é deslocado de sua origem/essência tende a perder o real sentido, e isto é uma transição delicada para qualquer manifestação humana, resumindo à uma simples experiência estética, entrando no plano do gosto, sendo absorvido e suprimido do seu real objetivo, que é a manifestação incondicional do espirito, do homem para ele mesmo.

É possível viver da arte na periferia?
Creio piamente que sim, exemplo disso são as doceiras, costureiras, os mecânicos e muitos outros artesãos que fazem do fruto de seu ofício, seu próprio sustento. Creio que com organização, trabalho e coragem, tudo é possível neste mundo vasto, pois a geografia foi inventada e é superável, o erro é nos restringirmos a ela e não querer reinventá-la .

O que é “Juventude Transformando com arte” pra você?
Bela pergunta, e de difícil resposta.
Só consigo contorná-la, partindo de uma experiência real quando em uma oficina de criação poética, fui interpelado pelo profundo fracasso e, com ele aprendi que não se ensina ninguém a ser poeta, poeta é poeta por si próprio e só, mesmo que nunca tenha feito um poema.
Aprendi com os jovens da oficina que, levar a poesia para o seu estado original – do acontecimento na integra- é a melhor forma de criar poesia. Aprendi com eles que criar poemas tem pouca importância, vi que o lugar de ouvir o outro, de olhar no olho do outro, ouvir e falar, trocar e criar experiências reais tem maior valor do que criar poemas. Talvez juventude transformando com arte seja uma juventude que não fique restrita as artes, e sim uma juventude que resgate de fato, através da arte ou de qualquer outra forma, as relações humanas.

Bruno Pastore
www.flickr.com/photos/pastore4life
http://www.literalmentepastore.blogspot.com/

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Conversa com o Davi do grupo do Máfia 44

JuventudeArte - Quando e por que você escolheu o graffiti?

DAVI BALTAR - Foi em 2006, eu já conhecia o graffiti a algum tempo mas não tinha recurso pra poder pintar. Então no meio deste ano surgiu a oportunidade de fazer uma oficina. Daí tive a oportunidade de praticar e com o tempo o graffiti foi tomando conta da minha vida.

JuventudeArte - Qual a proposta do coletivo Máfia 44, que hoje faz parte do Banco de experiências sociais com arte e cultura?

DAVI -Hoje nós somos um grupo que pensa e age em favor da arte como instrumento de transformação, tanto no sentido físico quanto no social. Acreditamos que a pintura, a arte em si pode elevar a auto-estima das pessoas e do seu entorno, ela age como instrumento de diálogo. Por isso o graffiti é tão importante pra gente, pois tudo isso pode se tornar público, facilita muito o nosso contato com o público.

JuventudeArte - De que maneira o trabalho do Máfia 44 mobiliza jovens tanto no ensino da técnica quanto na discussão e visibilidade das questões caras a eles?

DAVI - Alguns de nós trabalhamos em oficinas com jovens. Por sermos um grupo independente temos o privilégio da liberdade, mas por outro lado sempre tivemos que arcar com muito do que fazemos (murais, encontros, etc.). Penso que mais importante que "formar grafiteiros", é conscientizar uma comunidade da importância da preservação de suas paredes, por exemplo, pois uma parede pintada "pedirá" um chão limpo, para que os moradores possam posar pra fotos num bom lugar. Esse tipo de pequenas experiências que passamos nos ensinam que uma pintura numa parede pode gerar uma reação cultural num local antes descuidado. E os jovens são os mais atentos a isso, pois ainda estão bem abertos a novas idéias.

JuventudeArte - Como foi a sua experiência como oficineiro na Mostra Brasil?

DAVI - Foi ótima. Ministrei uma oficina para um grupo de B-boys de Campinas, SP. A proposta da oficina era: "Brasil: suas cores e gêneros", e o grupo se chamava S.A.M.B.A (Somos A Mistura Brasileira). Pronto, caiu como uma luva no tema! foi samba, hip-hop, Rio, São paulo... resultou num trabalho bem legal. Pude conhecer também outras pessoas que mobilizam jovens de uma forma muito forte, meu maior aprendizado foi ver o entusiasmo de todos.

JuventudeArte - Que outros grupos de jovens você considera que estão fazendo um trabalho legal com graffiti atualmente?

DAVI - Tem a posse 471, que agora em novembro promovem o Meeting of Favela, que é considerado o maior encontro voluntário de graffiti do Brasil, um mutirão de graffiti, como é conhecido. Para quem quiser saber mais sobre, fica o blog: http://meetingofavela.blogspot.com/

E vou falar também da Artefeito, que promove ações educativas e culturais envolvendo o graffiti, e eu também estou fazendo parte atualmente Para quem quiser saber mais sobre, fica o blog: http://www.artefeito-cultura.blogspot.com/

sábado, 6 de novembro de 2010

Ana Paula Risos, por Ana Paula Risos

Nome completo e pequeno relato de como entrou no teatro.
Ana Paula dos Santos Carlos, nome artistico: Ana Paula dos Santos Risos. Entrei no teatro aos 14 anos, porque queria ser atriz de televisão. Comecei a participar das oficinas de teatro em uma escola publica aos finais de semana, era gratuito. Fui percebendo que teatro não era igual a televisão, são expressões diferentes. Então me perdi, e me encontrei diferente e mais parecida comigo do que antes, me buscando sempre, com possibilidades de mim que encontrei no teatro.
Percorri não só pela minha cidade que é Arujá, como também fui para São Paulo, fiz teatro em São Miguel durante bastante tempo, formamos um grupo chamado Parangolé, tinhamos muitas questões, criticas, vivenciamos algumas peças juntos. O que serviu bastante para o meu amadurecimento. Nós faziamos no final de semana os encontros. Isso foi me fazendo comprovar se era isso que eu queria, pois enquanto muitas adolescentes se divertiam com outras atitividades eu me dedicava ao teatro, mesmo com a distancia da minha casa para o local de encontro com grupo. A minha forma de olhar o mundo já havia se modificado, aumentando o grau de sensibilidade e relacionamento humano. Fiz ainda, em outros lugares, oficinas gratuitas de teatro e de tudo que se relacionasse ao tema. Tive que trabalhar, mas todos os trabalhos me serviram de inspiração para a criação teatral trazendo a tona o mundo em que estamos vivendo ainda. A separação do grupo fez com que eu me reorganizasse. De alguma maneira precisava dizer algo, questões vitais. Então fiz, fui dizer.

Sobre o que fala o monólogo "A Informal"?
A informal?
Fala sobre bastante coisa. Mas, sua essencia em dialogo com seu fenomeno pode ser colocada em algumas poucas palavras: A não aceitação da impossibilidade de ser.

O que entende por "Juventude transformando com Arte"?
Entendo que há poucas escolhas ou talvez quase nenhuma, os caminhos fechados fecham a esperança e perspectiva de um outro mundo, a cristalização da realidade como algo natural nos endurece, nos faz contribuir para a desumanidade. A arte que é algo que desbrutaliza o ser humano tem potencia para provocar deslocamentos de pensamentos, de ações modificar as relações etc. Portanto juventude com arte em transformação tem importancia valiosa quando esta repensa o mundo em que vive.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ana Risos, A Informal

Pelas Periferias o trabalho informal é quase que unanimidade, ainda mais em um país que exclui o povo que o fez país, caso dos negros e indigenas, agora periféricos e comunidades tradicionais. Porem a palavra resiliência é veridica, quando encontramos talentos como o da poetiza e Atriz Ana Paula Risos, que ha dois anos inbterpréta A Jovem Maria Madalena, em seu Monólogo "A Informal", hoje em cartaz no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
(http://escuta.estudiolivre.org/). A peça mostra A jovem Maria Madalena que não consegue entrar nos padrões da sociedade e busca viver livre e resgatar sua identidade através da valorização de sua ancestralidade africana, respondendo com o corpo e poesias, na informalidade de seus dias. Recomendo o monólogo pra todos que gostam de teatro e cultura Alternativa.
Para saber mais sobre "A informal" escreva para: anamo.teatro@yahoo.com.br
Segue Poema que integra a peça

Graça
(Ana Risos)


Qual é sua graça moça?
A minha graça é uma desgraça sem fim
Que talvez se perceba quando olhe pra mim
Eu sou o lírio do campo de guerra
De uma guerra sem face
Que se perde assim
num sim e num não
Numa chibata dolorida
numa moça desconhecida
Tratada como o óbvio
Tratada como lógico
Mas que nada disso tem
tratada como um relógio despertador
que apanha todos os dias,
mas que não tem tempo.
Jogada ao vento,
por aqueles que são lentos
Cabisbaixa, mas não se encaixa nesse perfil
Não é conivente nem servil
Deixa nóis livre, deixa nóis livre.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Entrevista com Igor Tadeu

Igor Tadeu, 24 anos, é ator e está em cartaz com o espetáculo Noel - O feitiço da Vila, na Casa da Gávea (novembro 2010)

JuventudeArte - Quando e por que você decidiu fazer teatro?

Igor - Embora tenha o sonho de ser ator desde que me entendo por gente, foi apenas em Janeiro de 2008 que comecei a fazer teatro. Era algo que pulsava dentro de mim e foi a melhor coisa que fiz na minha vida. Realizar meu sonho!

JuventudeArte - De que maneira você acredita poder transformar o meio em que vive através da arte?

Igor - O artista é sensível e tem um olhar diferente sobre o mundo e as coisas ao seu redor, simplesmente ao conviver com os outros, ele acaba transformando as pessoas por onde passa os fazendo enxergar o mundo com outros olhos, quebrando tabus e preconceitos pré estabelecidos pela sociedade porque a arte é isso! Ela agrega, transforma e une as pessoas.

JuventudeArte - Conte um pouco sobre o seu trabalho como ator.

Igor - Minha primeira professora/diretora foi Cyda Morenixy montamos 3 peças em 1 ano durante o tempo que estudei na Spectaculu- Escola Fábrica de Espetáculos dirigido por Gringo Cardia e Marisa Orth. Depois tive o prazer de trabalhar com mais alguns diretores (Vilma Melo, Dado Amaral, Marcia Rosado Nunes, Marcio Januário, Mario Cadorna, Aziz Alkimim, Alvaro Oliveira, Sylvia Aziz, Rafaela Motta entre outros) em algumas aulas e montagens, diretores esses que foram fundamentais para meu amadurecimento como ator. No inicio desse ano entrei para escola de teatro Martins Penna onde tenho aprendido a cada dia mais sobre o ofício com mestres incríveis numa escola centenária! A primeira da America Latina. Também neste inicio de ano entrei para o Curso de Teatro Musical Brasileiro na Casa da Gávea onde tenho aprendido muito com os mestres Èdio Nunes e Jorge Luis Cardos. No primeiro semestre montamos o musical Noel O feitiço da Vila que reestréia dia 9 de Novembro na Casa da Gávea ás 21h. Para esse semestre estamos preparando um musical sobre a vida de Chico Buarque que estréia na segunda semana de dezembro. Há um ano desenvolvo um trabalho em visitas aos hospitais do Inca vestido de palhaço com o grupo Médicos do Barulho sob a supervisão de Amaury.

JuventudeArte - Que outros jovens como você estão fazendo trabalhos artísticos que você admira e gostaria de indicar?

Igor - Durante a pesquisa que fizemos com o CEPP mapeando os projetos sociais que trabalham com jovens e passamos a conhecer vários trabalhos magníficos que são pouco divulgados. Agora, nem tanto, pois muitos estão a disposição de todos através no site www.juventudearte.org.br

Mas, gostaria de indicar alguns trabalhos que conheço um pouco mais de perto e acho fantásticos: Spectaculu no Cais do porto; Tear na Tijuca; Completa Mente Souta, na Gávea; Cia Corpoafro; Centro Coreográfico, na Tijuca. Também trabalho com produção e divulgação de espetáculos no meu blog: Dicas Culturais